Doenças tropicais neglicenciadas no estado do tocantins: perfil epidemiológico e indicadores de saúde
As Doenças Tropicais Neglicenciadas (DTN’s) são um conjunto de doenças infecciosas que afetam principalmente populações vulneráveis em regiões tropicais e subtropicais. Este estudo teve por objetivo analisar a evolução espaço-temporal das DTN’s mais prevalentes no estado do Tocantins, entre 2013 e 2022. Trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo, quantitativo e retrospectivo. Dados das notificações das doenças dengue, hanseníase, leishmaniose tegumentar e visceral, tuberculose disponíveis no Sistema de Informações de Agravo de Notificações (SINAN) vinculados ao Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) foram utilizados. As variáveis analisadas forneceram informações do perfil epidemiológico (sexo, faixa etária, cor/raça e escolaridade) e indicadores de saúde (incidência e prevalência) por regiões de saúde do Tocantins. O estudo revelou que, entre as DTN’s mais prevalentes (dengue, hanseníase, tuberculose, leishmaniose tegumentar e visceral), a dengue e a hanseníase foram as mais frequentes, refletindo tendências observadas em outras regiões do Brasil. A dengue foi mais prevalente entre mulheres, enquanto doenças como hanseníase, tuberculose e leishmanioses afetaram mais homens. A faixa etária de 20 a 39 anos foi prevalente para dengue, leishmaniose tegumentar e tuberculose, enquanto na hanseníase foi de 40 a 59 anos e a leishmaniose visceral em crianças de 1 a 9 anos de idade. A raça parda autodeclarada foi a predominante em todos os agravos analisados. Quanto a escolaridade, a dengue afetou mais indivíduos com ensino médio e as outras doenças foram em indivíduos com ensino fundamental. Em relação a espacialidade, as regiões de saúde com as maiores taxas de incidência, no período avaliado, foram Capim Dourado, Ilha do Bananal e Cantão e foi referente a dengue. As DTN’s continuam a ser um desafio para a saúde pública, com uma evolução espaço-temporal complexa. A abordagem para o controle dessas doenças deve ser multifatorial, interdisciplinar e regional priorizando a equidade no acesso aos cuidados de saúde e a melhoria das condições de vida das populações afetadas. O monitoramento contínuo e a prevenção são determinantes para combater eficazmente as DTN’s e melhorar a qualidade de vida das comunidades tocantinenses.