Perfil epidemiológico da hanseníase em jaboatão dos guararapes: análise dos casos notificados entre 2020 e 2023
A hanseníase, causada pelo Mycobacterium leprae, permanece um grave problema de saúde pública no Brasil, afetando populações vulneráveis e resultando em estigmatização e incapacidades físicas permanentes. Este estudo teve como objetivo analisar o perfil epidemiológico dos casos de hanseníase no município de Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco, no período de 2020 a 2023. Trata-se de um estudo transversal descritivo, baseado em dados do Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN) e do Departamento de Informática do SUS (DataSUS). Foram avaliadas variáveis como faixa etária, gênero, raça/cor e nível de escolaridade. Os resultados revelaram que, entre 2020 e 2023, foram registrados 498 casos de hanseníase. Em 2020, notificaram-se 112 casos, e em 2023 houve um aumento para 133 casos, representando um acréscimo de 21 novos casos no período. No recorte por gênero, a análise de 2023 registrou 69 casos entre homens, valor próximo dos 67 casos registrados em 2021. Entre as mulheres, observou-se uma redução, com 64 casos em 2023, comparados aos 68 casos notificados em 2022. A análise etária revelou maior prevalência de casos na faixa de 40 a 59 anos, com 185 notificações, seguida pela faixa de 20 a 39 anos, com 125 casos, e pela de 60 a 69 anos, com 123 casos. A análise racial para o período de 2020 a 2023 identificou uma predominância de 206 casos entre indivíduos pardos, enquanto o total de casos notificados entre brancos e pretos somou 150. Além disso, 77 dos novos casos registrados entre 2022 e 2023 envolveram indivíduos com ensino médio completo, embora 191 notificações não tenham informado o nível de escolaridade, evidenciando a necessidade de estratégias educativas mais eficazes. Conclui-se que a falta de informação e o estigma social permanecem barreiras significativas para o diagnóstico precoce e a adesão ao tratamento, perpetuando o ciclo de transmissão e comprometendo a qualidade de vida dos afetados. Esses achados reforçam a importância de políticas públicas voltadas para a busca ativa de casos, a educação em saúde e a ampliação do acesso aos serviços de saúde, com ênfase em grupos mais vulneráveis.
English abstract:
Leprosy, caused by Mycobacterium leprae, remains a serious public health problem in Brazil, affecting vulnerable populations and resulting in stigmatization and permanent physical disabilities. This study aimed to analyze the epidemiological profile of leprosy cases in the municipality of Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco, from 2020 to 2023. It is a descriptive cross-sectional study based on data
from the Information System for Notifiable Diseases (SINAN) and the Department of Informatics of the Unified Health System (DataSUS). Variables such as age group, gender, race/color, and education level were evaluated. The results revealed that 498 cases of leprosy were reported between 2020 and 2023. In 2020, 112 cases were recorded, and in 2023, there was an increase to 133 cases, representing a rise of 21 new cases over the period. In terms of gender, the 2023 data showed 69 cases among men, a figure close to the 67 cases recorded in 2021. Among women, a decrease was observed, with 64 cases in 2023 compared to 68 cases in 2022. The age group analysis revealed a higher prevalence of cases among individuals aged 40 to 59 years, with 185 notifications, followed by the 20 to 39 age group with 125 cases, and the 60 to 69 age group with 123 cases. The racial analysis for the period from 2020 to 2023 identified a predominance of 206 cases among mixed-race individuals, while the total number of cases among white and black individuals reached 150. Additionally, 77 of the new cases reported between 2022 and 2023 involved individuals with completed high school education, although 191 notifications did not include information on education level, highlighting the need for more effective educational strategies. It is concluded that the lack of information and social stigma remain significant barriers to early diagnosis and treatment adherence, perpetuating the transmission cycle and compromising the quality of life of affected individuals. These findings reinforce the importance of public policies focused on active case finding, health education, and expanding access to health services, with an emphasis on vulnerable groups.
Spanish abstract:
La lepra, causada por Mycobacterium leprae, sigue siendo un grave problema de salud pública en Brasil, afectando a poblaciones vulnerables y provocando estigmatización y discapacidades físicas permanentes. Este estudio tuvo como objetivo analizar el perfil epidemiológico de los casos de lepra en el municipio de Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco, durante el período de 2020 a 2023. Se trata de un estudio transversal descriptivo, basado en datos del Sistema de Información de Agravios de Notificación (SINAN) y del
Departamento de Informática del SUS (DataSUS). Se evaluaron variables como grupo etario, género, raza/color y nivel educativo. Los resultados revelaron que, entre 2020 y 2023, se registraron 498 casos de lepra. En 2020 se notificaron 112 casos, y en 2023 se produjo un aumento a 133 casos, lo que representa un incremento de 21 casos nuevos en el período. En cuanto al género, la revisión de los datos de 2023 registró 69 casos en hombres, cifra cercana a los 67 casos notificados en 2021. Entre las mujeres, se observó una reducción, con 64 casos en 2023, en comparación con los 68 casos registrados en 2022. El análisis por edad mostró una mayor prevalencia de casos en el grupo de 40 a 59 años, con 185 notificaciones, seguido del grupo de 20 a 39 años, con 125 casos, y del grupo de 60 a 69 años, con 123 casos. La distribución racial en el período 2020-2023 identificó una predominancia de 206 casos entre personas mestizas, mientras que el total de casos notificados entre personas blancas y negras fue de 150. Además, 77 de los nuevos casos registrados entre 2022 y 2023 involucraron a personas con educación secundaria completa, aunque en 191 notificaciones no se informó el nivel educativo, lo que destaca la necesidad de desarrollar estrategias educativas más eficaces. Se concluye que la falta de información y el estigma social siguen siendo barreras significativas para el diagnóstico temprano y la adherencia al tratamiento, perpetuando el ciclo de transmisión y comprometiendo la calidad de vida de los afectados. Estos hallazgos refuerzan la importancia de políticas públicas enfocadas en la búsqueda activa de casos, la educación en salud y la ampliación del acceso a los servicios de salud, con especial atención a los grupos más vulnerables.