Descrição da tendência temporal e fatores clínico-epidemiológicos associados à hanseníase no Brasil
Introdução: A hanseníase é uma doença infectocontagiosa causada pelo Mycobacterium leprae, afetando principalmente nervos periféricos, pele, olhos e, ocasionalmente, órgãos internos. Embora tratável, a progressão da doença sem diagnóstico precoce pode causar incapacidades físicas. O Brasil é o segundo país com mais casos no mundo, com maior concentração na região Nordeste.
Objetivo: Descrever a tendência temporal da hanseníase no Brasil (2013-2023) e analisar fatores clínico-epidemiológicos relacionados à sua prevalência.
Metodologia: Estudo epidemiológico, exploratório, descritivo e quantitativo com dados de hanseníase notificados no SINAN (DATASUS). Foram analisados registros de brasileiros diagnosticados entre 2013 e 2023, excluindo não residentes e registros incompletos. Variáveis incluíram ano de diagnóstico, região, UF, sexo, raça, escolaridade, entre outros. Dados foram analisados no Excel 365.
Resultados: No período analisado, foram notificados 332.785 casos, sendo 42,64% na região Nordeste. Os estados com maior prevalência foram Mato Grosso (12,41%), Maranhão (11,80%) e Pará (9,73%). A maioria dos pacientes era do sexo feminino (56,94%), parda (60,86%), com idade entre 50 e 59 anos (19,10%) e ensino fundamental incompleto (24,71%). Em termos clínicos, 73,81% eram multibacilares, 61,09% apresentaram grau 0 de incapacidade física e 72,42% estavam em tratamento com poliquimioterapia. Houve redução de casos ao longo do período, com picos em 2014, 2013 e 2018, e o menor número de casos em 2023.
Conclusões: Os resultados evidenciam a relevância de ações voltadas para o diagnóstico precoce e controle da hanseníase, sobretudo em áreas endêmicas como o Nordeste brasileiro. A redução no número de casos pode refletir melhorias nas estratégias de controle, embora desafios como estigmatização e acesso desigual aos serviços de saúde ainda persistam.
Introduction: Leprosy is an infectious disease caused by Mycobacterium leprae, primarily affecting peripheral nerves, skin, eyes, and occasionally internal organs. Although treatable, late diagnosis may lead to physical disabilities. Brazil ranks second globally in cases, with the highest concentration in the Northeast region. Objective: To describe the temporal trend of leprosy in Brazil (2013-2023) and analyze clinical and epidemiological factors related to its prevalence.
Methodology: This was an epidemiological, exploratory, descriptive, and quantitative study based on leprosy cases reported to SINAN (DATASUS). Cases of Brazilian residents diagnosed between 2013 and 2023 were included, excluding non-residents and incomplete records. Variables included diagnosis year, region, state, sex, race, education, among others. Data analysis was performed using Excel 365.
Results: During the analyzed period, 332,785 cases were reported, with 42.64% in the Northeast region. The states with the highest prevalence were Mato Grosso (12.41%), Maranh„o (11.80%), and Par· (9.73%). Most patients were female (56.94%), mixed-race (60.86%), aged 50-59 years (19.10%), and had incomplete primary education (24.71%). Clinically, 73.81% were multibacillary, 61.09% presented grade 0 physical disability, and 72.42% were undergoing multidrug therapy. A decline in cases was observed over the period, with peaks in 2014, 2013, and 2018, and the lowest number in 2023.
Conclusions: Results highlight the importance of actions aimed at early diagnosis and leprosy control, particularly in endemic regions such as Northeast Brazil. The decline in cases may indicate improved control strategies, although challenges like stigmatization and unequal access to healthcare persist.